A história de «O patinho feio» e de «A pequena sereia» foram escritas pela mesma pessoa. Sabe quem é?






Ao contrário dos irmãos Grimm, que reuniram relatos e testemunhos do povo alemão, Hans Christian Andersen dedicou-se à criação e escrita de contos tradicionais, que permanecem, até hoje, muito populares entre os mais novos. Entre as mais de 160 histórias publicadas, destacam-se, por exemplo, A pequena sereia, O patinho feio, O rei vai nu e, também, O pequeno polegar. Mais recentemente, o sucesso mundial do filme Frozen (Disney), baseado na narrativa A Princesa do Gelo da autoria de Hans Christina Andersen, demonstram a notoriedade do escritor.

Hans Christian Andersen nasceu em 1805, na Dinamarca. A escrita surgiu cedo na sua vida, mas apenas em 1835 começou a escrever histórias para crianças. O sucesso perante este novo público não foi imediato e o reconhecimento pelo seu trabalho só surgiu mais tarde, quando as suas narrativas foram traduzidas para inglês. 

Com base na sua humilde experiência, Hans Christian Andersen procurava através das suas histórias transmitir comportamentos que acreditava que deviam ser acolhidos pela sociedade da sua época. O papel do escritor dinamarquês na literatura para crianças foi, de tal forma marcante, que a data do seu nascimento, dia 2 de abril, permanece até hoje como o Dia Internacional do Livro Infanto-Juvenil.

O mês de novembro está mesmo a chegar e faltam menos de 30 dias para terminar este desafio criativo que a Zero a Oito está a lançar às escolas. Ainda está a tempo de participar! Consulte o regulamento e o guia prático de como participar, e mãos à obra!

O que é que as lendas têm em comum com as histórias tradicionais?



As lendas são narrativas que surgiram do imaginário popular e que fazem parte da tradição oral. Foram contadas ao longo dos tempos pelos mais velhos e, só mais tarde, surgiu a preocupação de as registar por escrito.

Esta descrição soa-lhe familiar? Percebemos porquê: são muitas as características que as histórias tradicionais e as lendas têm em comum. No entanto, existem alguns pormenores que se destacam em ambas as narrativas e que permitem perceber de que tipo de história se trata.

As lendas são narrativas de fantasia que têm como base um facto histórico. É por isso que, ao contrário das histórias tradicionais, estão bem definidas no espaço e no tempo. As personagens adquirem, normalmente, um nome próprio, embora, tal como nos contos tradicionais, sejam em pouco número. 

Esta preocupação em detalhar o enredo das lendas pretende atribuir maior credibilidade à história, cujo principal objetivo é explicar um facto misterioso e inexplicável pela ciência ou pelo senso comum. Por exemplo, também a expressão «Era uma vez», que é normalmente utilizada nos contos e concede à narrativa um caráter mais abstrato, é substituída pelas palavras «Conta a lenda que».

Falta precisamente um mês para o final do Um concurso nada tradicional. Não se esqueça de, até dia 28 de novembro, enviar todos os materiais necessários: o ficheiro da capa e contracapa com um título, uma ilustração e uma sinopse (faça o download do ficheiro aqui) e, numa folha A4, uma sinopse mais alargada. Mãos à obra!

Porque será que o número três e o número sete aparecem muitas vezes nas histórias tradicionais?



Os contos tradicionais transportam-nos para longe da realidade e fazem-nos entrar no universo fantástico do faz-de-conta. Embora sejam narrativas simples, os contos tradicionais estão recheados de situações com duplos significados onde nada é aquilo que parece. Estes duplos significados, para além de terem o objetivo de, no final, transmitirem a moral da história, aparecem também na narrativa sob a forma de símbolos com origem em crenças populares.

Embora este assunto seja fortemente debatido, a linguagem simbólica mais comum nos contos tradicionais é a do número três e a do número sete. Quem defende esta teoria, aponta várias situações onde estes números aparecem. Por exemplo, na religião cristã com a existência dos três reis magos e do sétimo dia da semana, o domingo, e na natureza, com as sete cores do arco-íris.

Aplicado aos contos tradicionais, facilmente nos lembramos de alguns exemplos onde os números três e sete aparecem: os sete anões, os três porquinhos, os sete corvos e, até, as três noites que João Sem-Medo tem de resistir no castelo para poder casar com a princesa.

Imprima já os materiais necessários para participar em Um concurso nada tradicional e entregue os trabalhos dos seus alunos até ao dia 28 de novembro.

Era uma vez...

Coleção de selos Hansel e Gretel, Alemanha

Para além das características de que falámos na semana passada, existem outros detalhes que se repetem nas histórias tradicionais. Falamos da estrutura da narrativa e das personagens que participam no enredo.

Muitos dos contos tradicionais que conhecemos começam com a expressão «Era uma vez» e dividem-se em três partes. Na primeira parte, a ação encontra-se em equilíbrio e a personagem principal é apresentada, geralmente, sem atribuição de nome próprio. Por exemplo, na história de «Os três porquinhos» as personagens principais são identificadas apenas pela idade. Existem algumas exceções, como por exemplo no caso de Hansel e Gretel e, também, de João Sem-Medo. Nesta fase do texto é ainda revelado o contexto familiar da personagem principal, com referência apenas ao seu grau de parentesco, por exemplo: a mãe, a avó, os irmãos.

A narrativa avança e entramos no «meio» da história. Aqui, acontecem uma série de peripécias que perturbam a ordem inicialmente existente e que são normalmente provocadas por um vilão. A ordem só é novamente restituída através de um novo acontecimento ou personagem responsável por encerrar a história: uma força restabelecedora. Por exemplo, um príncipe encantado, um casamento, um herói. Por vezes, existem outras personagens designadas por adjuvantes, que protegem e ajudam o herói, ou oponentes, que o atrapalham.

A repetição da estrutura e a generalização das personagens nos contos tradicionais têm o grande objetivo de simplificar o enredo de forma a que os mais pequenos facilmente assimilem o objetivo final destas narrativas: o ensinamento dos valores morais.

Explique estas características aos seus alunos e ajude-os a compor a história para participar em Um concurso nada tradicional.

Vamos ilustrar a nossa imaginação!



Já aqui falámos em como Um concurso nada tradicional pretende levar os seus alunos a desconstruir uma história tradicional que conhecem. Mas há mais: queremos que as crianças também desenvolvam uma capa para o novo enredo que vão criar!

Ao incentivar o desenho nas crianças estamos a fortalecer a sua coordenação motora, a estimular a organização do seu pensamento, a ensiná-las a ter noção do espaço e, claro, a ajudá-las a exprimir com mais facilidade as suas ideias e emoções. 

O desenho infantil pode dizer-nos como o pensamento da criança está estruturado. São muitos os exercícios e materiais que se podem trazer para a sala de aula com o objetivo de estimular a imaginação e a expressão plástica dos mais pequenos.

Por isso, hoje propomos um exercício de desenho criativo em grupo, desenvolvido pelo surrealista André Breton. Para começar, forme vários grupos, cada um com pelo menos três crianças. Depois, distribua uma folha de papel em branco por cada grupo e convide um aluno selecionado ao acaso a desenhar uma figura que pode ou não ter significado. O segundo aluno, ignorando o eventual significado do desenho do seu antecessor, cria uma nova figura utilizando o elemento anterior. O mesmo exercício repete-se até todas as crianças do grupo terem participado. O resultado final, muitas vezes, não é um desenho claro, mas o desafio de dominar a forma anterior impondo a sua própria visão pode tornar-se muito estimulante para as crianças[1].


[1] Fonte: Gianni Rodari, Gramática da Fantasia – Introdução à arte de contar histórias, 2.ª edição, Editorial Caminho, Lisboa, 1993.

Os contos tradicionais são histórias diferentes de todas as outras. Sabe porquê?



Esta é a pergunta que hoje fazemos: o que há de particular nos contos tradicionais e como os podemos identificar?

Uma história tradicional é uma pequena narrativa onde se desenrola uma ação sem espaço definido ou tempo determinado. O conteúdo da história é intemporal e recheado de simbolismos, com um encadear linear de situações, onde, no final, é retirada uma lição de moral. O espaço onde decorre essa ação é identificado num sentido amplo, quase sem caracterização, como, por exemplo: uma vila pequena ou uma aldeia assombrada. Também as personagens da história, usualmente em número reduzido, são planas e apresentadas com pouco detalhe. A linguagem utilizada para contar a história é familiar e, geralmente, incorpora expressões populares. 

Por exemplo, na versão dos irmãos Grimm da história de João Sem-Medo, a ação começa «um dia» numa «aldeia». Não há qualquer pista na narrativa que nos transporte para uma época do ano ou um lugar do mundo específicos onde os factos estejam a acontecer. 

São estas as principais características que fazem das histórias tradicionais narrativas tão atuais e acessíveis para qualquer criança, seja qual for o seu contexto social. 

Ajude já os seus alunos a escolherem a história para reinventar em Um concurso nada tradicional, e habilite-se a ver a ideia publicada no terceiro título da nossa coleção «Uma história nada tradicional».

Sabe como é que surgiram os contos tradicionais?


Durante muitos anos os contos tradicionais foram transmitidos oralmente, e só na Idade Média surgiu a preocupação de preservar algumas destas narrativas através da escrita. Por serem histórias que fazem parte da cultura popular, foram-se moldando ao longo dos anos com a evolução da sociedade. Na verdade, as histórias que hoje conhecemos são uma transformação das histórias originais, existindo inúmeras versões para o mesmo conto. Mas não é só o contexto cultural que determina a existência de várias versões: também o narrador influencia o resultado final da história. «Quem conta um conto, acrescenta um ponto», já dizia o provérbio.

Por exemplo, no início do século XIX, os irmãos Grimm decidiram recolher vários testemunhos e documentos que contavam as histórias tradicionais do povo alemão, que depois reescreveram e compilaram em livro. É por isso que muitos dos contos hoje conhecidos são versões da sua autoria.

Acredita-se também que muitos dos enredos que originaram os contos tradicionais sejam inspirados em acontecimentos verídicos que depois foram transformados nessas narrativas de faz-de-conta com objetivos morais. Os contos tradicionais sempre tiveram a grande finalidade de divertir, mas também, e principalmente, de ensinar.

Tal como Um concurso nada tradicional que a nossa editora propõe para este ano letivo. A entrega dos trabalhos está marcada para o dia 28 de novembro, participe já!

Já conhece a autora da nossa coleção?




Margarida Fonseca Santos é a escritora dos primeiros dois títulos da nossa coleção «Uma história nada tradicional».

«Os contos sempre fizeram parte de mim; sempre gostei de ouvir contar e inventar histórias»
Margarida Fonseca dos Santos

Nascida em Lisboa a 29 de novembro de 1960, Margarida Fonseca Santos concluiu o curso superior de Piano no Conservatório Nacional. A escrita surgiu em 1993 enquanto dava aulas de Formação Musical para o ensino vocacional na Escola Superior de Música de Lisboa (1990-2005), e a paixão foi tal que Margarida abandonou o ensino de música. Atualmente, o seu tempo é inteiramente dedicado à escrita, e são vários os livros que já publicou, sobretudo no universo infanto juvenil. 

Sobre a importância dos contos tradicionais hoje em dia, Margarida Fonseca Santos afirma:

«Os contos tradicionais ensinam-nos, num registo curto e cheio de sentido, a crescer de forma segura. A sua função, ao longo dos séculos, tem sido levar os ouvintes ou os leitores a vivenciar episódios que, metaforicamente falando, se assemelham à vida real. O nosso subconsciente retira dos contos o que, para nós e naquele momento, é necessário apreender. Nem todos interpretamos os contos da mesma forma, o que é uma mais-valia preciosa. Para além disto, aprendemos a contar histórias, em cada conto, em cada ideia.»

Margarida Fonseca Santos é uma das escritoras mais referenciadas no Plano Nacional de Leitura e já arrecadou vários prémios nacionais na área da escrita. Na coleção «Uma história nada tradicional» da Zero a Oito, a escritora mostra-nos que os contos tradicionais estão vivos, mas tão vivos que são capazes de se transformar e ganhar uma nova vida.