“Os irmãos Grimm” de Portugal



Há muito tempo atrás, os irmãos Grimm tiveram a preocupação de compilar num livro as histórias tradicionais do povo alemão. Em Portugal, também houve quem o fizesse. Sabe de quem falamos?

Teófilo Braga foi um político, professor e escritor português oriundo de Ponta Delgada, cidade da ilha de S. Miguel nos Açores. Nasceu em 1843 e estudou Direito em Coimbra, onde se relacionou com alguns escritores, nomeadamente Antero de Quental. 

Movido pelo espírito patriótico, Teófilo Braga procurou conhecer as raízes do povo português e dedicou parte da sua vida a escrever obras relacionadas com este tema. Destacam-se as obras Os Contos Tradicionais do Povo Português (1883), O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições (1885) e História da Poesia Portuguesa.

Em Os Contos Tradicionais do Povo Português, o escritor recolheu não só histórias tradicionais de várias cidades do país – como, por exemplo, O caldo de pedra que lhe contámos na semana passada –, mas também diversas lendas e fábulas.

A escrever começou a sua carreira e a escrever terminou os seus dias. No entanto, Teófilo Braga também assumiu um papel de destaque na política portuguesa, em particular no movimento republicano. Envolvido na revolução de 5 de outubro de 1910, assumiu por duas vezes o comando do país. A primeira, enquanto chefe de estado até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à Primeira República e, mais tarde, em 1915, ao integrar um governo de transição, após a demissão do primeiro presidente da República Portuguesa, Manuel de Arriaga. 

O Um concurso nada tradicional termina já esta sexta-feira. Os trabalhos devem ser enviados para o e-mail concursos0a8@gmail.com com o assunto «Um concurso nada tradicional» ou por carta endereçada a Zero a Oito, "Um concurso nada tradicional", Rua Castilho, n.º 57, 1.º Direito, 1250-068 Lisboa. Os trabalhos podem ainda ser entregues por mão própria na morada atrás indicada.

Não se esqueça de incluir todos os materiais: o ficheiro da capa e contracapa, a ficha de inscrição e a folha A4 com a sinopse mais alargada. O prazo para envio dos trabalhos termina no dia 28 de novembro de 2014.
 

Sabe quais são as histórias tradicionais que têm origem em Portugal?




A maior parte das histórias tradicionais que contamos às crianças têm origem na tradição de vários países europeus, sobretudo da Alemanha e de França. No entanto, também existem contos que são baseados nos costumes e na cultura portuguesa. Lembra-se de algum?

O caldo da pedra, também conhecido por A sopa da pedra, é um dos contos tradicionais mais célebres da nossa cultura. Com origem na cidade de Almeirim, concelho de Santarém, esta história conta-nos o percurso de um frade pobre com muita fome, que anda de porta em porta a fazer um peditório para cozinhar um caldo. Ao perceber que os habitantes da aldeia não o queriam ajudar, o pobre homem pega numa pedra e, sob o olhar de troça dos aldeões, diz que vai fazer uma sopa da pedra. Intrigados com a provocação do frade, os habitantes começam a dar-lhe a pouco e pouco os vários ingredientes: uma panela de barro, um pouco de couve, um pedaço de chouriço… até que consegue preparar uma sopa saborosa.

Ainda hoje a sopa da pedra é um prato muito famoso em Portugal e que continua a fazer parte da cultura popular do nosso país. Para além de transmitir às crianças a importância da partilha e da ajuda àqueles que mais precisam, esta história é também uma boa forma de dar a conhecer algumas tradições que estão enraízadas na nossa cultura.  

Tal como O caldo da pedra, existem muitas outras histórias provenientes dos costumes portugueses e que podem também ser trabalhados com as crianças para que elas se familiarizem com a herança popular do nosso país. Entre as mais conhecidas, destacam-se A história da Carochinha, As fiandeiras e O príncipe com orelhas de burro.

Não se esqueça de que falta cerca de uma semana para o envio dos trabalhos! A sua escola e os seus alunos podem vir a ser os grandes vencedores de Um concurso nada tradicional. Boa sorte!

Vamos soltar a imaginação… e as palavras!



Começar a escrever uma história e enfrentar uma folha em branco pode ser um verdadeiro quebra-cabeças. No entanto, existem exercícios que podem ser desenvolvidos na sala de aula e que podem ajudar as crianças a soltarem a imaginação. Hoje deixamos-lhe uma proposta para uma atividade[1] que pode muito bem originar uma ideia para uma nova história.

Peça aos seus alunos que levem para a escola jornais e revistas que tenham em casa. Depois, peça-lhes para recortar os títulos e misturá-los de forma a construir novas frases ou, até mesmo, pequenos textos. Não existe limite para a imaginação e não é obrigatório que as novas frases façam sentido. Os títulos podem ser cortados por palavra ou podem ter várias palavras num só recorte, no entanto, o resultado é mais interessante se forem recortadas duas ou mais palavras em conjunto. Peguemos, por exemplo, em três títulos de jornais e revistas antigos:

Lisboa com mais restrições ao trânsito

Prepare-se para ir jantar fora

E tudo o mar levou

Misturando e baralhando, podemos obter duas novas notícias – ou frases soltas –, talvez absurdas, mas muito divertidas:

O mar levou jantar ao trânsito

Lisboa prepare-se para ir fora


Aproveite o contexto de fantasia dos contos tradicionais para explicar aos seus alunos que o absurdo pode fazer parte da ideia que vão desenvolver para o Um concurso nada tradicional.




[1] Ideia de jogo retirada do livro: Rodari, Gianni, Gramática da Fantasia – Introdução à arte de contar histórias, Editorial Caminho, 2ª edição, Lisboa, 1993.

Sabe quem ilustrou a coleção «Uma história nada tradicional»?



 
Tinóquio e Branca e os 7 pirilampos são os dois títulos já lançados da nossa coleção e estão repletos de ilustrações encantadoras, cheias de cor e expressividade. Quem será que deu corpo às personagens destes livros e como foi o processo de criação?

Célia Fernandes é o nome da ilustradora que participou com a Zero a Oito nesta aventura de desconstrução das histórias tradicionais. Estivemos à conversa com ela e ficámos a perceber que, desde pequena, sempre sonhou com a ilustração infantil. Na sua opinião, os contos tradicionais são importantes, pois «aguçam o imaginário das crianças, despertam a curiosidade sobre o fantástico e acrescentam ferramentas que podem ser muito úteis no desenvolvimento da criatividade».

O seu processo de criação começa por um esboço a lápis que depois é transportado para o computador e trabalhado digitalmente. Mas se uma das características das histórias tradicionais é as personagens serem apresentadas com pouco detalhe, como é que Célia, afinal, desenvolveu as ilustrações da nossa coleção?  

«A criação das personagens foi um processo muito divertido. O que fiz foi tentar juntar características de outras histórias e personagens que já habitavam a minha memória, quase como se fosse um pequeno puzzle de ideias que vai ganhando forma a cada peça que se acrescenta. Um nó de madeira aqui, um vestido de princesa ali... E, claro, nos dois casos, também foi importante acrescentar às personagens traços físicos que as caracterizassem –  a dentuça e a cauda do castor no Tinóquio, por exemplo, ou as antenas, as asas e a delicadeza da libelinha Branca.»

Para as crianças que estão a participar no desafio de Um concurso nada tradicional, a ilustradora dá ainda um importante conselho para desenvolverem a ideia para a capa: «Deixar a imaginação à solta, brincar com as ideias e aceitá-las todas, mesmo que pareçam estranhas à partida... Por exemplo, uma girafa que, em vez de manchas, tem riscas e que, apesar de ter nascido no calor, goste de passar férias na neve e colecionar cachecóis gigantes. Não é uma coisa que aconteça à nossa volta, mas no mundo das histórias isso é possível e, às vezes, é assim que nascem as mais divertidas.»